quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Rubrica CAMPEÕES - Nº 3

 

Nome: Joaquim José Parente Henriques

Idade: 47 anos

Palmarés:  

Do que me recordo ganhei como jogador o título de Campeão Regional de Lisboa pelo G. D. Ramiro José; como treinador foram muitos os títulos conquistados, dos quais apenas destaco os de Campeão Nacional de Juvenis Masculinos e o de Campeão Nacional da 3ª Divisão de Seniores Masculinos. Houve muitos títulos de Campeão Regional de Lisboa, nas várias Divisões que não consigo precisar.

1 -Foste Jogador, Treinador, Dirigente e actualmente fazes parte da direcção do Ginásio Clube de Odivelas. Como nasceu esta paixão?

Não faço parte da Direcção do GCO, mas sim dos órgãos sociais, nomeadamente da Mesa da Assembleia Geral.
O andebol sempre foi uma modalidade que me seduziu desde pequeno. Comecei a jogar já um pouco tarde, com 14 anos, no Clube Desportivo Niagara de Odivelas, onde me formei como jogador e, posso também admitir, em parte como treinador.
No GCO foi onde efectivamente consegui os melhores momentos na minha carreira como técnico.

2- Qual foi o momento que mais te marcou neste teu percurso?

Quando fomos campeões nacionais de Juvenis e no ano seguinte, de Seniores da 3ª Divisão. Foram momentos de grande emoção.

3 -Muitas equipas passaram “pelas tuas mãos”, qual a equipa que te deu mais gozo trabalhar? Porquê?

Foram duas as equipas que mais me satisfizeram como treinador, não só pelos resultados obtidos, como também pela vontade e espírito de grupo que existia no seio das mesmas.
A de infantis/iniciados no início do andebol no GCO, onde jogavam Pedro Leste, Pedro Malhão, Carlos Saldanha, Tó Vieira, Paulo Roque, Nuno Melo, “Von Braun”, “Galandas”, Frederico, e muitos outros que guardo com muita saudade no meu coração. Não tenho tido contacto com a maioria deles e tenho pena. Tenho saudades deles, pois para além do grande valor que tinham sempre me foram leais e grandes amigos.
Depois tenho a outra equipa, aquela que todos conhecem e me identificam com ela. A que conquistou o título Nacional de Juvenis, penso quem 92/93. Foi também uma equipa muito competitiva, cumpridora, com sentido de responsabilidade e, apesar de muito indisciplinados, sabiam separar os momentos de trabalho com a diversão.
Desta equipa, como todos bem sabem, faziam parte o Marco Branco, João Monteiro, Nuno Duarte “Pacha”, Rui Pedro, Rui Ramos, Tiago Santos, Danilo Hassamo, Rui Cardoso “Charlie”, João Cunha, Bruno Franco, Nuno Martins “Lay”, Nuno Santos “Somali”, Nuno Teixeira “Poupas” e outros que connosco andaram e fizeram desta equipa uma equipa vencedora e impar na história do andebol do GCO.
Gostaria ainda de deixar uma palavra a todos os que me acompanharam nesta cruzada pelo andebol. O meu grande amigo João Mário Valadas, que foi meu treinador e a grande figura em que me inspirei para conseguir, como técnico, chegar onde cheguei.
Também o Carlos Alberto foi desde sempre o meu parceiro natural em todo este percurso como técnico. Digamos que era o meu ajudante de campo, o homem dos bastidores. O José Turquel, José Luis, Luis Fernando e António Ermida, foram outros amigos que ao longo dos anos comigo trabalharam. Os nossos queridos dirigentes a que muito devo a todos os níveis: Carlos Antunes Maria, José Cunha, José Saldanha, Armando Coito, João Mendes “Caçador”, o saudoso Camilo Costa, João Marques, Carlos Cabaço (actual Presidente do GCO), Abílio Santos (actual Presidente da Mesa da Assembleia Geral), Vitor Teixeira e Lopes Barata e os massagistas Costa e João Clemente.


4-Como treinador eras conhecido por ser exigente, disciplinador e rígido, qual o episódio mais caricato que tiveste? E como pai?

Sem disciplina e rigor nada se consegue. Como tudo na vida, é necessário fazer-se alguns sacrifícios para que possamos atingir os objectivos. Penso que, por vezes, exagerei no rigor e na disciplina, reconheço isso, mas momento algum os meus atletas deixaram de cumprir o que lhes era exigido.
Houve um episódio que me recordo, com a equipa campeã de Juvenis, no seu 1º ano na categoria, em que disputamos a Fase de Apuramento da Zona Sul. A rapaziada, como nunca se tinha visto em tal situação, a 1ª noite foi uma autêntica “tourada” e pouco ou nada descansaram. Claro que os jogos foram uma desgraça. Mas tudo foi positivo e ajudou a enriquecer estes jovens, que hoje são homens e pais com muito para contarem aos seus filhos. Estou muito orgulhoso de todos eles.
Como pai tento ser mais compreensivo com os meus filhos, mas exigente e rigoroso. A vida é também ela uma grande competição, onde alguns vencem e muitos perdem. Tenho a obrigação de os preparar para a vida, para saberem ganhar e saberem também encarar as derrotas como uma lição. Só assim poderão singrar.

5 - O que ficou a faltar na tua carreira de jogador e treinador?

Como jogador, gostaria de ter jogado mais anos, pois aos 27 parti a perna e a partir daí, como fiquei com alguma limitação na articulação do pé, acabei por abandonar a prática do andebol. Foi um momento muito complicado na minha vida.
Como treinador, apenas me faltou experimentar um clube de maior dimensão. Tive pena de não ter tido essa oportunidade.

6 - Agora, do lado de fora do campo como vês o futuro da nossa modalidade?

Penso que o andebol caiu muito nestes últimos anos. E tudo derivado aos custos exigidos pelos organismos responsáveis pela modalidade, para a participação nas provas oficiais. Sei que muitos Clubes têm acabado com a modalidade exactamente por esse factor. Também ajudou muito ao declínio da modalidade, a ascensão do futebol de cinco. Todos sabemos que o futebol atrai muito mais os jovens.
É um problema que, na minha opinião, terá de ser repensado por todos, pelo menos ao nível dos escalões de formação e das divisões mais baixas dos escalões seniores, sob pena de enfraquecermos cada vez mais a modalidade.
Reparem, desde quando os Clubes poderão pagar de uma vez 5000 euros para se inscreverem e participarem na 3ª Divisão Nacional de Seniores? Tá bom de ver o resultado.

7- Sendo um amante do Ginásio Clube de Odivelas e em particular do Andebol, como olhas para o futuro do nosso clube?

O GCO é o meu Clube do coração, a par do meu Sporting. Daí, apesar de já não viver em Odivelas, nunca ter deixado de ser sócio (com quotas pagas) e de hoje fazer parte dos órgãos sociais.
Gostaria muito, mesmo muito, que o andebol do GCO voltasse aos anos de ouro que já teve. Tenho consciência que muito fiz para que isso acontecesse, que todos os que me acompanharam muito deram para que o andebol fosse a maior modalidade colectiva de competição do GCO e seguramente, uma das melhores escolas de formação de jogadores de Lisboa.
Sempre fui alvo de críticas, algumas não muito construtivas, mas sempre levei as minhas ideias e os meus objectivos para a frente. Ainda hoje há quem se incomode com o sucesso obtido, atribuindo o mesmo a tudo e a todos, menos a quem efectivamente construiu, mobilizou e estudou para que tudo acontecesse.
Quero acreditar que outros também o vão conseguir. 

8 - Qual a mensagem que deixas aos nossos atletas?

Para os jovens atletas do GCO, peço-vos que se empenhem de coração nos treinos e nunca desistam, que nos orgulhem com as vossas prestações dentro do campo, não tenham receio de falhar. Para conseguirem resultados como os que já foram obtidos no Clube é preciso muita dedicação e sobretudo, muita união e amizade entre vós para superarem as dificuldades. Acreditem e trabalhem que o sucesso virá.
Para os técnicos, que se esforcem e se empenhem na tarefa que têm em mãos. Ser treinador não é fácil. É necessário muita exigência, rigor e vontade, mesmo que por vezes tenham de tomar decisões que vos magoa o coração. Isso aconteceu-me muita vez.
Uma última palavra para o meu amigo Ricardo Costa, que é um técnico de grande experiência e qualidade, com títulos nacionais ganhos, nomeadamente os dois de Iniciados: Tens agora a tarefa de levar o GCO a novas conquistas, por isso não te é permitido desistires ou desanimares. Faz do teu amor pelo andebol e pelo GCO, que sei que é muito, as tuas forças para enfrentares os desafios e as dificuldades que te vão aparecer pela frente.

Também queria deixar uma palavra ao Ivo Ramos e ao Luis Fonseca, que actualmente estão a comandar o Departamento de Andebol: lembrem-se que há uma história de sucessos, que poucos Clubes neste País se poderão orgulhar. Têm agora a responsabilidade de continuar com o andebol nestes tempos difíceis. Mobilizem as pessoas, peçam ao passado que vos ajudem no futuro. Serão certamente mais uns que ficarão na história deste Clube.
Para todos com quem privei nesta minha vida pelo andebol, o meu muito obrigado.

Bem Haja

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